Aborrecimento, quase poesia
Um Poema aos 32
Quero a casa
promíscua de espaços
Esta luz, aquele
cabimento
Morrer desde já
sem a palavra pétala
E relógios para
amar claro
Quero riscar
cidades de chapéu cinzento
A conversa entre
aposentos, brisa
Bosque cenográfico
Cela extrema,
unção do cinema
Quero paredes
descansadas
Objetos que restem
sem estremeção
Dançar a salsa dos
presidiários
Redescobrir o
nariz ao piano
Quero afiar meu
reflexo nas facas
E estar na vida
sem qualquer esperança
Novamente o cinema
sem vísceras
A noite no deserto
imaginado
Com boca de
gengibre batucar
O homem de trinta
do Sergio Sampaio
Quero ler sem
apocalipses
Quero colina e
rumor calmo
Quero ser o
Drummond dos pederastas
Discreta mãe que
ronda os telhados
Quero trânsitos
graciosos
De elegia em
elegia
Quero escapar de
uma ilha nem
Que seja para
acabar em outra
Quero mais trinta
anos de vida
Estes sem medo
Ismar Tirelli Neto é poeta, ficcionista, roteirista e tradutor. Nasceu em 1985, no Rio de Janeiro. Vive e trabalha atualmente em Curitiba. Lançou os seguintes livros: synchronoscopio, Ramerrão e Os
Ilhados.
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