Heróides (Cartas de amor), de Ovídio
Fílis a Demofoonte
«Que me levem as ondas e em tuas praias me lancem
e diante de teus olhos eu surja, sem sepultura;
para seres mais duro do que ferro e diamante e do que tu próprio,
dirás: “não era assim, ó Fílis, que devias seguir-me”.
Muitas vezes é de venenos que sinto sede, muitas vezes, perecer
de morte sangrenta, trespassada por uma espada, é o que me apraz;
o próprio pescoço, porque assim se ofereceu ao enlace de pérfidos
braços, estreitá-lo numa corda é o que me apetece;
estou decidida a compensar com morte no tempo certo o tenro pudor;
pouca tardança há-de haver na escolha da morte.
Hás-de ficar gravado no meu túmulo como causa odiosa;
este ou outro verso semelhante te darão a conhecer:
“A Fílis, Demofoonte a levou à morte; o hóspede à sua amante;
da morte, forneceu-lhe ele a causa, ela a mão.”
e diante de teus olhos eu surja, sem sepultura;
para seres mais duro do que ferro e diamante e do que tu próprio,
dirás: “não era assim, ó Fílis, que devias seguir-me”.
Muitas vezes é de venenos que sinto sede, muitas vezes, perecer
de morte sangrenta, trespassada por uma espada, é o que me apraz;
o próprio pescoço, porque assim se ofereceu ao enlace de pérfidos
braços, estreitá-lo numa corda é o que me apetece;
estou decidida a compensar com morte no tempo certo o tenro pudor;
pouca tardança há-de haver na escolha da morte.
Hás-de ficar gravado no meu túmulo como causa odiosa;
este ou outro verso semelhante te darão a conhecer:
“A Fílis, Demofoonte a levou à morte; o hóspede à sua amante;
da morte, forneceu-lhe ele a causa, ela a mão.”
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