Uma Paciência Selvagem, de Adrienne Rich
Tínhamos de aceitar o mundo como nos era dado:
A ama passivamente sentada no parque
Raro abordada por príncipe disfarçado.
As manhãs sucediam-se iguais e nuas
Em salas de ser-eu onde nós acordávamos
Para ver o hoje como o ontem desdobrado.
A ama passivamente sentada no parque
Raro abordada por príncipe disfarçado.
As manhãs sucediam-se iguais e nuas
Em salas de ser-eu onde nós acordávamos
Para ver o hoje como o ontem desdobrado.
Os nossos amigos não eram de beleza sobrenatural
Nem falavam com línguas de ouro; os nossos amantes
Atabalhoados quando mais perfeição esperávamos,
Ou escondiam-se em armários, os céus a troar.
O humano erguia-se para sempre nos assombrar,
Maculado, em carne viva, exigindo mais do que podíamos tolerar.
Nem falavam com línguas de ouro; os nossos amantes
Atabalhoados quando mais perfeição esperávamos,
Ou escondiam-se em armários, os céus a troar.
O humano erguia-se para sempre nos assombrar,
Maculado, em carne viva, exigindo mais do que podíamos tolerar.
E sempre o tempo a correr como um eléctrico
Pelas ruas de uma cidade estrangeira, ruas
A desembocar em praças amplas e soalheiras
Que nunca reveríamos, nem mapa algum poderia mostrar—
Jamais aquelas fontes na mesma luz lançadas,
As estátuas verdes e brancas, as árvores douradas.
Pelas ruas de uma cidade estrangeira, ruas
A desembocar em praças amplas e soalheiras
Que nunca reveríamos, nem mapa algum poderia mostrar—
Jamais aquelas fontes na mesma luz lançadas,
As estátuas verdes e brancas, as árvores douradas.
in Uma Paciência Selvagem, de Adrienne Rich
(trad. Maria Irene Ramalho)
(trad. Maria Irene Ramalho)
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