Jesus sem milagres
Frederico Lourenço
Página da "Jefferson Bible" |
Cristo caminhando sobre as águas, na imaginação do pintor italiano Tintoretto |
Ora no entender de Thomas Jefferson (o terceiro presidente dos EUA, cuja efígie se encontra na nota de 2 dólares), os evangelistas eram praticamente uns analfabetos, que, não obstante relatarem muitas palavras autênticas de Jesus, encheram também os evangelhos de ficções supersticiosas e ridículas, como a virgindade de Maria (que Jefferson achava ser tão provável quanto o nascimento da deusa grega Atena da cabeça de Zeus), os milagres e exorcismos de Jesus e a ressurreição. A versão que, com navalha e tesoura, Jefferson compôs dos evangelhos termina com Jesus a ser sepultado.
Para Jefferson, a mensagem de Jesus era essencialmente filosófica e, dentro da filosofia, era uma mensagem que tratava acima de tudo de assuntos de Ética. Por isso ele chamou à primeira versão do seu Novo Testamento feito com tesoura e navalha “The Philosophy of Jesus of Nazareth”. Uma segunda versão recebeu o título mais explícito “The Life and Morals of Jesus of Nazareth”.
O que fica do testemunho de Jesus se lermos os evangelhos na versão de Thomas Jefferson? Um Jesus que não caminha sobre a água, que não pratica a multiplicação dos pães, que não cura cegos, paralíticos e leprosos e que não expulsa “demónios” é um Jesus que nos diz alguma coisa? Um Jesus que não ressuscita Lázaro dos mortos e que não subiu ao céu no terceiro dia após a sua morte ainda nos pode falar à distância de dois mil anos? A versão de Thomas Jefferson dá-nos uma resposta clara a estas perguntas. É uma resposta simples: sim.
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