O céu do Japão
Por estes dias, tenho pensado no senhor Sato. Conheci-o há dez anos, em Tocoxima, no Japão, no dia em que ele regressava ao Monte Bizan. Em 1945, enquanto soldado, avistara dali a explosão atómica sobre Hiroxima. Um homem magro e velho, com uma filha de quarenta anos pelo braço. Quando chega lá cima, ao alto do Monte, pára. Imaginara talvez que iria ser um grande momento, que iria ter alguma espécie de revelação, mas não é assim tão fácil. Uma confusão de palavras no peito. O horror, a juventude, o tempo que passa. A filha diz-lhe para ter calma. Sato faz que sim, e liberta-se da mulher. Olha para longe, para cima, como se o céu azul não fosse nem azul nem céu: um ecrã, imagens. Olhos fortes, a corajosa timidez dos japoneses, e um dos sorrisos mais sérios de que me lembro.
Jacinto Lucas Pires
... interessante começo, e à semelhança de Oliver Twist, queria mais
ReplyDelete... P.S. - os julgamentos precipitados são arriscados, - na primeira entrevista quicá mais